quarta-feira, 26 de março de 2008

Nao foi copia da wikipedia..

Em 1806, com a declaração do Bloqueio Continental por Napoleão Bonaparte, Portugal se viu diante de um dilema insolúvel. O decreto exigia que as nações européias deixassem de comerciar com a Inglaterra, fechando seus portos aos navios ingleses. Com isso Napoleão pretendia quebrar o poderio econômico de seu principal inimigo e exercer total domínio sobre a Europa.
Portugal e Inglaterra eram velhos parceiros comerciais. Acatar o bloqueio imposto por Napoleão significava para Lisboa expor o reino e suas colônias às represálias inglesas. Não acatá-lo, porém, seria uma afronta a Napoleão, e o país correria o risco de uma invasão. Durante quase dois anos, a diplomacia portuguesa procurou ganhar tempo, dilatando as negociações. Foi ao extremo de fingir uma guerra contra os ingleses para enganar a França. Esses esforços, no entanto, não surtiram efeito.
Em agosto de 1807, com a paciência esgotada, Napoleão ordenou a invasão de Portugal. Comandadas pelo general Junot, as tropas invasoras chegaram às portas de Lisboa em novembro de 1807. No dia 27 desse mês, dom João e sua corte bateram em retirada, embarcando para a colônia portuguesa na América.

A viagem
Os membros da Família Real saíram de Lisboa na madrugada do dia 27 de novembro de 1807. Já na madrugada do dia 29 de novembro um vento favorável permitiu que a esquadra rumasse ao Brasil. O General Junot entrou em Lisboa às 9 horas da manhã do dia 30 de novembro, liderando um exército de cerca 26 mil homens e tendo a sua frente um destacamento da cavalaria portuguesa que se rendeu e se pôs às suas ordens. Enquanto isso, os navios das esquadras portuguesa e inglesa se dispersaram devida a uma forte tempestade ocorrida. Em 5 de dezembro de 1807 os navios conseguiram se reagrupar e logo depois, em 11 de dezembro, a frota avistou a Ilha da Madeira.
Chegaram à costa da Bahia no dia 18 de janeiro de 1808 e no dia 22 os habitantes da Cidade de Salvador já puderam observar os primeiros navios da esquadra. Às quatro horas da tarde do dia 22, depois de todos os navios da esquadra estarem fundeados, o Conde da Ponte (governador da Bahia na época) foi a bordo do navio Príncipe Real. Já no próximo dia os membros da Câmara foram a bordo do mesmo navio.

A chegada

Largo do Paço, Rio de Janeiro (1834).
A comitiva real só desembarcou na Bahia às cinco horas da tarde do dia 24, com uma imensa solenidade. Então embarcaram rumo a cidade de Rio de Janeiro, aonde chegaram no dia 8 de março, no cais do Largo do Paço, na atual Praça XV em Rio de Janeiro.
A família real então foi alojada em três prédios no centro da cidade, logo após colocar na rua o vice-rei Marcos de Noronha e Brito, o conde dos Arcos, e todas as internas de um convento de carmelitas. Os demais agregados se espalharam pela cidade, em residências confiscadas da população. Esta era a famosa política chamada de “Ponha-se na Rua”, cujo nome foi dado pelos cariocas, inspirando-se nas iniciais “PR”, vindas de “Príncipe Regente” ou de “Prédio Roubado” como os mais irônicos diziam. Estas iniciais eram marcadas nas portas das casas que eram requisitadas para os nobres vindos de Portugal.

O fim do pacto colonial
Embora parecesse precipitada, a fuga havia sido previamente combinada com a Inglaterra, cuja marinha de guerra se comprometera a escoltar a frota portuguesa na travessia do Atlântico. Na verdade, a transferência da corte de Lisboa para o Rio de Janeiro interessava particularmente aos ingleses, que viam nessa mudança ótima oportunidade de ampliar seu negócios.
Dom João governava Portugal como príncipe regente, depois de sua mãe, dona Maria I, ter sido afastada do trono por problemas mentais. Ao sair de Lisboa, ele estava acompanhado de toda a corte, que incluía, além da família real e de diversos funcionários graduados, muitos membros da nobreza com seus familiares e criados. Eram, ao todo, de 12 a 15 mil pessoas, embarcadas em catorze navios escoltados por vasos de guerra com bandeira inglesa e carregados de móveis, jóias, pratarias, roupas luxuosas e obras de arte. Em moeda sonante, essa gente transportava metade do dinheiro em circulação no reino português. Para os ingleses, isso significava enorme injeção de recursos no mercado colonial, que logo estará aberto às suas mercadorias e investimentos. Durante a travessia do Atlântico, uma parte da comitiva, na qual se encontrava o príncipe regente, desviou-se da rota inicialmente traçada e acabou chegando a Salvador em janeiro de 1808. Aí, no primeiro centro administrativo da colônia até 1763, dom João satisfez a expectativa da Inglaterra, decretando ainda em janeiro a abertura dos portos às nações amigas.

O príncipe regente de Portugal, Dom João. (1804)
Tomada em caráter provisório, a medida estabelecia uma tarifa alfandegária de 24% sobre os produtos importados e de 16% sobre as mercadorias de origem portuguesa. Depois, seguiram-se os tratados de aliança e comércio com a Inglaterra, firmados em 1810. Por esses acordos, o governo português concedeu aos produtos ingleses tarifa preferencial de 15%, abaixo da taxa que incidia sobre os próprios artigos provenientes de Portugal.
Na prática, essa política abolia o pacto colonial e introduzia a liberdade de comércio no que restava do antigo império lusitano. Sua conseqüência imediata foi o crescimento do comércio exterior brasileiro e, no momento seguinte, do comércio interno da colônia, estimulado pela presença de comerciantes de várias nacionalidades.
Em abril de 1808, já tendo residência no Rio de Janeiro, dom João decretou a suspensão do alvará de 1785, que proibia a criação de indústrias no Brasil. Ficavam, assim, autorizadas as atividades em território colonial. A medida permitiu a instalação, em 1811, de duas fábricas de ferro, em São Paulo e em Minas Gerais. Mas o sopro de desenvolvimento parou por aí, pois a presença de artigos ingleses bem elaborados e a preços relativamente acessíveis bloqueava a produção de similares em território brasileiro. Em outra medida tomada logo após a chegada da corte ao Brasil, o governo de dom João declarou guerra à França, e, com o auxílio dos ingleses, partiu para a ocupação da Guiana Francesa em 1809. Nesse primeiro momento, a política externa do governo português, estava diretamente atrelada aos interesses estratégicos da Inglaterra. A atitude de subserviência da Coroa portuguesa à Coroa britânica mudaria apenas nos conflitos da região do Prata.

A nova sede do Império Lusitano
Durante a permanência da corte no Rio de Janeiro, o perímetro da cidade foi ampliado com a construção de novas moradias e edificações destinadas a repartições públicas, armazéns e casas de comércio. Além disso, a população urbana cresceu muito. O enraizamento das pessoas de prestígio que se transferiram em 1808 foi acompanhado pela fixação de negociantes e artífices estrangeiros, pelo deslocamento de diplomatas e por enorme fluxo migratório de portugueses que saíam de reino na esperança de conseguir melhores condições de vida no Brasil.
Toda essa movimentação acarretou profundas mudanças na arquitetura da cidade, na discriminação dos bairros e na distribuição dos moradores, acentuando-se as diferenças sociais. A vida cotidiana das famílias de homens livres, pobres e remediados tornou-se mais difícil por causa do aumento do preço dos materiais de construção, da valorização dos aluguéis e da elevação do preço dos imóveis.

Impostos para sustentar a corte
Ao chegar ao Rio de Janeiro, em 1808, dom João tratou logo de organizar o governo, distribuindo os cargos administrativos entre homens da nobreza. "Tudo se resumia em situar no mundo político e administrativo os fugitivos desempregados, colocando-lhes na boca uma teta do Tesouro". Além dos nobres que não dispunham de meios próprios de vida, havia monsenhores, desembargadores, empregados da casa real, médicos, homens do serviço privado da família real e protegidos de dom João.
Assim, o governo instalado no Rio de Janeiro foi constituído com os mesmos vícios que o caracterizavam em Lisboa: empreguismo, utilização dos recursos públicos para fins privados do rei, da nobreza e da alta burocracia do Estado, desperdício, corrupção. O reino deveria servir à camada dominante, ao seu desfrute e gozo. Os fidalgos ganharam pensões; os oficiais da Armada e do Exército, acesso aos postos superiores; os funcionários civis e eclesiásticos, empregos e benefícios.
Com toda essa gente vivendo à custa do governo, foi preciso aumentar a carga de impostos. Dessa forma, a receita pública subiu mais de quatro vezes entre 1808 e 1820. Nesse mesmo ano, dois terços das despesas do governo eram destinados ao pagamento de pensões e soldos e a custear a casa real, o Exército e os tribunais como se pode imaginar, muito pouco sobrava para investir em saúde, educação, saneamento básico, transportes, construção de estradas, melhoramentos urbanos e outros serviços de utilidade pública.

Um novo Brasil
Primeiro bilhete de banco, precursor das cédulas atuais, foi lançado pelo Banco do Brasil, em 1810.
A presença da família real em terras coloniais era um fato inusitado e acabou provocando muitas transformações no Brasil. Em 10 de setembro de 1808, por exemplo, começou a circular o primeiro jornal editado no Brasil. Era a Gazeta do Rio de Janeiro, impresso na tipografia da Imprensa Régia. Com apenas quatro páginas, a publicação se limitava a divulgar notícias oficiais e de interesse da família real. Mas a partir daí surgiram tipografias em diversas regiões do país e outros jornais passaram a ser publicados.
Mais significativa, no entanto, foi a publicação, entre 1808 e 1822, do Correio Brasiliense, editado em Londres por Hipólito José da Costa, um brasileiro que estudara na Universidade de Coimbra e se filiara ao movimento liberal. Trazido clandestinamente ao Brasil por comerciantes ingleses, o jornal de oposição ao governo joanino contribuiu para incluir na elite brasileira as idéias liberais que formaram a ideologia do movimento de independência.

Mudanças ocorridas
Algumas mudanças que ocorreram com a vinda da Família Real para o Brasil:
A fundação do Banco do Brasil, em 1808;
A criação da Imprensa Régia e a autorização para o funcionamento de tipografias e para a publicação de jornais também em 1808;
A abertura de algumas escolas, entre as quais duas de medicina – uma na Bahia e outra no Rio de Janeiro;
A instalação de uma fábrica de pólvora e de industrias de ferro em Minas Gerais e em São Paulo;
A vinda da ‘’Missão Artística Francesa’’, em 1816, e a fundação da Academia de Belas-Artes;
A mudança de denominação das unidades territoriais, que deixaram de se chamar ‘’capitanias’’ e passaram a denominar-se ‘’províncias’’ (1821); A criação da Biblioteca Real (1810), do Jardim Botânico (1811) o Museu Nacional. (1818)

2 comentários:

Anônimo disse...

João e Felipe vcs estão de parabens...
Este trabalho que vc fez me ajudou mt

Anônimo disse...

gostei muito do texto,porque ele explica com clareza tudo o que ocorreu nessa epoca
parabens para que criou esse site
ok!!?