sábado, 29 de março de 2008

Tah..talvez tenha sido copia da wikipedia...


A transferência da corte portuguesa para o Brasil teve início com o embarque da família real e parte da corte do Reino de Portugal em 29 de Novembro de 1807 no Porto de Lisboa.
Com a transferência da família real e da corte, a capital do reino foi estabelecida no
Rio de Janeiro, na então maior e mais importante colônia portuguesa, o Brasil.

Antecedentes
O plano de transferência da família real para o Brasil, refúgio seguro para a soberania portuguesa quando a resistência militar a um invasor fosse inútil na metrópole, fora já por duas vezes sugerido em tempos mais recuados: ante o avanço dos tercios do duque de Alba, o prior do Crato terá sido aconselhado a buscar um reduto além-Atlântico; na conjuntura aberta pela
Restauração da independência (1640), quando a França abandonou Portugal no Congresso de Münster (1648), o padre António Vieira apontou idéia semelhante a dom João IV, associando-a ao vaticínio da fundação do Quinto Império. Mais tarde, sem ameaça militar iminente, o diplomata dom Luís da Cunha defendeu a idéia de se transferir para o Brasil a sede da monarquia portuguesa .
Perante a ameaça militar, além de sugerida, a ideia teve inícios de concretização quando a Espanha invadiu Portugal como consequência do "
Pacto de Família", chegando o marquês de Pombal a mandar aprontar uma esquadra que transportaria o rei D. José I e a sua corte. Havia alguns exemplos estrangeiros a considerar: Vauban aconselhara o refúgio americano ao futuro Filipe V; e, Pombal, ao ordenar a preparação da Esquadra de D. José I, apoiava-se no precedente da Imperatriz Maria Teresa de Áustria se ter disposto a descer o Danúbio, se a sua Corte em Viena viesse a correr perigo.
No novo contexto internacional criado pelo Império de
Napoleão Bonaparte, a ideia da retirada para o Brasil voltou à tona, sendo defendida pelo marquês de Alorna em 30 de Maio de 1801e, em 16 de Agosto de 1803, por dom Rodrigo de Sousa Coutinho.
A ideia de uma transferência para o Brasil, tendo surgido sobretudo em contextos de ameaça iminente à soberania portuguesa, como um meio de reforço de segurança, foi também apresentada como uma via necessária ao cumprimento de um projecto messiânico, como em
António Vieira, ou como um meio para redefinir as relações de forças no "equilíbrio europeu" pós-Vestfália, como em dom Luís da Cunha, marquês de Alorna e dom Rodrigo de Sousa Coutinho.


A conjuntura de 1807
Antes das

campanhas do Rossilhão e da Catalunha, a Espanha abandonara a aliança com Portugal, fazendo causa comum com o inimigo da véspera – a França de Napoleão. Resultou daí a invasão de 1801, em que a Inglaterra de nada serviu a Portugal.
Enquanto o
Corpo de Observação da Gironda penetra em Portugal debaixo do pretexto da protecção, o Tratado de Fontainebleau entretanto assinado entre a França e a Espanha, retraçava Portugal em três principados. O plano de Napoleão era o de aprisionar a Família Real portuguesa, sucedendo a D. João VI o que vem a suceder a Fernando VII e a Carlos IV de Espanha em Baiona - forçar uma abdicação. Teria Portugal um Bonaparte no trono e, paralelamente, a Inglaterra apossar-se-ia das colônias portuguesas, sobretudo o Brasil.

Os acontecimentos

Após os Tratados secretos de Tilsit de Julho de 1807, os representantes da França e de Espanha em Lisboa entregaram ao príncipe regente de Portugal, dom João, em 12 de Agosto, os “pedidos” de Napoleão: Portugal teria que se juntar no bloqueio continental que a França decretara contra a Inglaterra; fechar os seus portos à navegação britânica; declarar a guerra aos ingleses; sequestrar os seus bens em Portugal, e prender todos os ingleses residentes. D. João era intimado a dar uma resposta até ao dia 1 de Setembro.
No Conselho de Estado em Portugal, reunido no dia 18 de Agosto, sem se conhecer ainda a manobra de Napoleão, vence a posição do ministro
António de Araújo e Azevedo: Portugal unia-se à causa do bloqueio continental, fechando-se os portos aos navios ingleses. A única objeção aos “pedidos” de Napoleão era a de se não aceitar o seqüestro de bens e de pessoas de nacionalidade inglesa, por não serem conciliáveis com os princípios cristãos. O ministro Araújo mandou escrever as cartas e expediu-as. Essa era a posição tomada por Lisboa, mas deixando vencida uma minoria liderada por D. Rodrigo de Sousa Coutinho, que defendera que se fizesse guerra contra a França e Espanha, e que se aprontasse 70 mil homens e que se mobilizassem 40 milhões de cruzados para a custear. Na mesma reunião, Coutinho formula de novo (preconizara-a já em 1803) a idéia de uma retirada estratégica: se Portugal não tiver sorte nas armas, então “passasse a família Real para o Brasil”.
A idéia estava uma vez mais lançada, mas estava claro que os membros do Conselho de Estado se encontravam divididos em dois partidos – o chamado “partido francês” e o chamado “partido inglês”. O “partido inglês”, liderado por
Rodrigo de Sousa Coutinho, contando também com personalidades como a de D. João de Almeida, preconizava a continuação dos pactos internacionais com o Reino Unido, insistindo na necessidade de encarar com firmeza a idéia de guerra. O “partido francês”, liderado por António de Araújo e Azevedo, defendia a aceitação das condições francesas e, embora dissesse que buscava a neutralidade, inclinava-se para o lado da França.
Sucedem-se as reuniões. Em 30 de Agosto, na reunião do Conselho de Estado, vinga a idéia de se enviar para o Brasil apenas o príncipe da Beira (príncipe D. Pedro, herdeiro do trono) e as Infantas. Dom Rodrigo de Sousa Coutinho continua a defender a idéia de que Portugal devia fazer primeiro guerra à França e que a saída de toda a Família Real só se deveria realizar perante a dificuldade militar. Começaram imediatamente os preparativos para a saída do príncipe da Beira e das infantas, mandando-se aprontar uma Esquadra de quatro naus. As restantes naus da Armada portuguesa ficariam em defesa do Porto de Lisboa.
Nas flutuações constantes do período que se segue, as movimentações do general Lannes, embaixador francês em Lisboa, frutificam na queda de dom
Rodrigo de Sousa Coutinho, de dom João de Almeida, e na demissão de Pina Manique. Vencia o “partido francês”, com António de Araújo e Azevedo a substituir os ministros demitidos, e a triunfar a “política de neutralidade” favorável à França de Napoleão.
Em meados de Outubro, a reunião do Conselho de Estado fez-se já sem a presença de dom Rodrigo de Sousa Coutinho. Antes de receber qualquer resposta, Napoleão dera já ordem de marcha através da Espanha a um exército de cerca de 30 mil homens sob o comando de Junot. Não se sabe ainda se as tropas se dirigem para Portugal, avaliando-se as posições das potências. Napoleão Bonaparte mostrava-se cauteloso, modificando a cláusula em que pedia o seqüestro dos bens e pessoas de nacionalidade britânica;
Manuel de Godoy, dizia que se a Espanha tivesse a intenção de tomar Portugal, tê-lo-ia feito em 1801, mas “que nem se lembrasse(m) do retiro para o Brasil”; o rei do Reino Unido exortava à transferência para o Brasil da família real e oferecia a sua Esquadra. A posição britânica vinha apoiada num extenso documento em que se dizia que ficara resolvido pelas outras potências “a extinção da Monarquia Européia Portuguesa, e portanto o único recurso era ir conservar a sua Monarquia no Brasil”.
Em fins de Outubro, realizam-se novas reuniões do Conselho de Estado, defendendo dom João de Almeida a saída de toda a família real e não apenas do príncipe da Beira e das infantas. Mantêm-se todas as ordens dadas para que continuassem os preparativos da Esquadra. Depois se veria quem iria sair para o Brasil.
No dia 22, é publicado o edital tornando público o decreto do príncipe regente mandando fechar os portos portugueses aos navios de guerra e mercantes da Grã Bretanha. Três dias depois, o príncipe regente, D. João, dá parte aos seus ministros dos preparativos da viagem o príncipe da Beira, mas que pode ser de toda a família real se as circunstâncias o impuserem, e decide escrever para Espanha e França.
A decisão de transferir a corte para o Brasil, porém, ficara já resolvida na convenção secreta subscrita em
Londres, em 22 de Outubro de 1807, e que vem a ser ratificada em Lisboa no dia 8 de Novembro. Pela mesma altura, chegava a Lisboa a notícia da prisão em Espanha do príncipe herdeiro do trono (príncipe das Astúrias), e de que tropas espanholas e francesas se estavam a dirigir para a fronteira portuguesa.
Confirmavam-se os propósitos de Napoleão em relação a Portugal e a Espanha; tinham fundamento as advertências do rei da Grã-Bretanha e as do chamado “partido inglês” no Conselho de Estado. Não havia alternativa à retirada de toda a Família Real e do Governo do Reino para o Rio de Janeiro.
Nas últimas decisões tomadas pelo Príncipe Regente parece haver a intenção de manter-se um certo equilíbrio entre os partidos em conflito. O “partido francês” vê satisfeitos os "pedidos" de Napoleão, fechando-se os portos aos navios de guerra e mercantes ingleses, e dando-se ordem de expulsão aos ingleses residentes em Portugal, enquanto o “partido inglês” obtém a continuação dos preparativos da Esquadra para a saída do Príncipe da Beira.
O ministro
António de Araújo e Azevedo ainda mandou desviar para as costas portuguesas os poucos efetivos militares de que Portugal dispunha, alegando que poderíamos ser surpreendidos por um desembarque britânico. Era um último esforço para favorecer a entrada das tropas comandadas por Junot.
O príncipe D. João só no dia 23 de Novembro recebeu a notícia de terem entrado tropas francesas em território português. Convocou imediatamente o Conselho de Estado, que decide embarcar quanto antes toda a família real e o Governo, servindo-se da Esquadra que estava pronta para o príncipe da Beira e as infantas.
Nos três dias seguintes ainda se aprontaram outros navios, que viriam a transportar para o Brasil cerca de quinze mil pessoas. Em 26, foi nomeada uma
Junta Governativa do Reino para ficar em Portugal, e difundidas Instruções aos Governadores, nas quais se dizia que "quanto possível for", deviam procurar conservar em paz o Reino, recebendo bem as tropas do Imperador.
Junot, no seu Diário, manuscrito da Biblioteca da Ajuda, revela quanto os franceses receavam aquele embarque. Ao ser informado que este estava já em execução, e não podendo voar sobre o Ribatejo até Lisboa com as suas tropas, ainda enviou Hermann a Lisboa com a missão de o atrasar ou impedir. "Mr. Hermann ne put voir ni le Prince ni Mr. D. Araujo; celui-ci seulement lui dit que tout était perdu" (O Sr. Hermann não pôde ver nem o Príncipe nem o sr. D. Araujo; este apenas lhe disse que tudo estava perdido), escrevia depois Junot a Bonaparte. Para Araújo, para o "partido francês", o mais importante estava na verdade perdido - não era mais possível aos franceses aprisionarem o príncipe regente de Portugal.


A esquadra portuguesa
A esquadra portuguesa que saiu do porto de Lisboa, em 29 de Novembro de 1807, ia comandada pelo vice-almirante Manuel da Cunha Souto Maior.
Integravam-na as seguintes embarcações:

Naus
Príncipe Real - Comandante, Capitão de Mar e Guerra, Francisco José do Canto Castro e Mascarenhas.
D. João de Castro - Cmdte, Cap. de M. e G., D. Manuel João Loccio.
Afonso de Albuquerque - Cmdte, Cap. de M. e G., Inácio da Costa Quintela
Rainha de Portugal - Cmdte, Cap. de M. e G., Francisco Manuel Souto-Maior.
Medusa - Cmdte, Cap. de M. e G., Henrique da Fonseca de Sousa Prego.
Príncipe do Brasil - Cmdte, Cap. de M. e G., Francisco de Borja Salema Garção.
Conde D. Henrique - Cmdte, Cap. de M. e G., José Maria de Almeida.
Martins de Freitas - Cmdte, Cap. de M. e G., D. Manuel de Menezes.
Fragatas
Minerva - Cmdte, Cap. de M. e G., Rodrigo José Ferreira Lobo.
Golfinho - Cmdte, Cap. de Fragata, Luís da Cunha Moreira,
Urânia - Cmdte, Cap. de Frag., D. João Manuel.
Brigues
Lebre -Cmdte, Cap. de M. e G., Daniel Tompsom.
Voador - Cmdte, Cap. de Frag., Maximiliano de Sousa.
Vingança - Cmdte, Cap. de Frag., Diogo Nicolau Keating.
Escunas
Furão - Cmdte, Capitão Tenente, Joaquim Martins.
Curiosa - Cmdte, Primeiro Tenente, Isidoro Francisco Guimarães.


Toda a família real embarcou no dia 27, tomando-se a bordo as últimas decisões. No dia 28, não foi possível levantar ferros porque o vento soprava do Sul. Entretanto, as tropas francesas tinham já passado os campos de Santarém, pernoitando no Cartaxo. No dia 29 o vento começou a soprar de Nordeste, e bem cedo o príncipe regente ordenou a partida. O almirante inglês reforçou a Esquadra portuguesa com quatro naus.


Conseqüências
Ao evitar-se que a Família Real portuguesa fosse aprisionada em Lisboa pelas tropas francesas, inviabilizou-se o projeto de Napoleão para a Península Ibérica, que consistia em estabelecer nela famílias reais da sua própria família, como ainda se tentou em Espanha com a deposição de Fernando VII e Carlos IV, colocando no trono José Bonaparte. A revelação da correspondência secreta de Junot e de Napoleão, bem como os textos dos

Tratados secretos de Tilsit, não deixam margem para quaisquer dúvidas a este respeito.
O “partido francês” em Portugal, não se dando por derrotado, começou imediatamente a difundir a idéia de que a retirada estratégica da Corte para o Brasil mais não era do que uma “fuga”, que teria deixado Portugal sem Rei e sem Lei. Motivo pelo qual foi enviada uma sua delegação ao encontro de Junot para que Napoleão Bonaparte lhes desse uma
Constituição e um Rei

.
Após a derrota de Napoleão, a transferência da Corte para o Brasil veio também a ter como conseqüência a Revolução de 1820 em Portugal, que exigiu o retorno da Família Real portuguesa e da Corte a Lisboa. O comportamento dos deputados às Cortes Constituintes face ao Brasil, veio depois também a provocar a proclamação da sua Independência.

Um comentário:

Anônimo disse...

Oiiie,
eu acho que é muito importante ter um blog falando sobre a colonização do Brasil, porque afinal são nossas raízes e de onde nós viemos, é realmente um dos poucos blogs que falam sobre isso e é isso que o torna tão interessante!
Beijos,
Jéssica